Na teoria, reforma proposta pelo governo é contra privilegiados do setor público. Na prática, deixa de fora políticos, juízes, militares e todas as regalias dessa elite, enquanto ataca setores essenciais como educação e saúde
“Eu acho um absurdo, os salários da alta administração brasileira. Eu acho que são muito baixos“. Com essa frase, o Ministro da Economia Paulo Guedes resumiu como enxerga os altos salários recebidos por ministros e seus apadrinhados políticos que chegam a receber R$39,2 mil ao mês.
É do mesmo ministro, no entanto, a ideia de que é necessária uma reforma administrativa para atacar o que se consideram “privilégios” dos servidores públicos, já comparados por Guedes a parasitas.
A verdade do texto enviado pelo poder executivo sobre a reforma mostra um quadro bem diferente. O que se quer com ela é atacar direitos dos servidores de carreira conquistados pela passagem ao Regime Jurídico Único, aliado ao aumento de servidores com cargos de confiança, indicados por políticos em todo o país.
Ou seja, o desejo do governo é, novamente, fazer economia com aqueles que estão na base do servidorismo público, atrelando milhares de cargos hoje ocupados por servidores concursados aos sabores dos políticos de ocasião.
Aos poderosos servidores de carreiras como a do Judiciário, do Legislativo e da Defesa – juízes, políticos e militares, que já são beneficiados, estes sim, por privilégios que a maior parte de servidores nem conhecem (auxílio paletó, verbas de gabinete e pensões integrais para viúvas e filhas solteiras, entre outros) não estão incluídos na proposta de reforma administrativa.
É preciso mobilizar-se para impedir que este retrocesso para os serviços públicos seja levado adiante!
Saiba mais
Confira debate sobre a reforma administrativa, realizado no último dia 30 de setembro com o advogado e servidor público aposentado Luiz Fernando:
Arte de capa: André Altman/SINASEFE Litoral