De acordo com Reitora, controle eletrônico sobre a jornada dos TAEs será implantada no Instituto. Sindicato e servidores questionam formato e condução do processo.
Na última sexta, 17, técnico-administrativos em educação (TAEs) da Reitoria do Instituto Federal Catarinense participaram de uma reunião com a Reitora, Sônia Regina de Souza Fernandes, para apresentação do modelo de ponto eletrônico que passaria a ser testado por eles logo nos dias seguintes. Em pouco mais de duas horas e com momentos de tensão, a reunião acabou com a promessa de novos debates antes do prosseguimento dos testes na Reitoria.
Na tarde do dia anterior, 16, a Assembleia de TAEs e Docentes do SINASEFE Litoral já havia se posicionado sobre o ponto, emitindo um comunicado protocolado junto ao Gabinete da Reitora com questões sobre o modelo em fase de testes, seu processo de implantação no IFC e os danos que dele podem surgir, como o aumento do assédio moral no Instituto. Na sexta, estes pontos foram novamente levantados durante a apresentação do modelo, testado até então pela Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) tendo por base o Sistema Integrado de Gestão (SIGAA).
Parâmetros e o debate com os trabalhadores
Desde o início da reunião, os servidores questionaram a definição dos parâmetros para os testes feitos até aqui. Por que só o sistema SIGAA foi testado? quem definiu seus parâmetros técnicos? a partir de quais critérios?, foram algumas das questões pontuadas. Além disso, foi colocada em questão a ausência de debate com os trabalhadores, que deveria ser feito no Grupo de Trabalho criado em julho para acompanhar os testes da DGP. Mas o GT, formado por representantes da Comissão Interna de Supervisão da Carreira (CIS), do Sindicato e de outros órgãos internos e servidores do Instituto, só se reuniu uma vez, no início deste mês.
A própria formação do Grupo, que na opinião do Sindicato dá mais transparência e legitimidade ao processo, já havia sido uma conquista dos técnicos após mobilização realizada na Reitoria. Até aquele momento, a gestão considerava que a construção do modelo de ponto do Instituto poderia ser feita exclusivamente pela DGP.
Para a Reitora, no entanto, a falta de reuniões do GT não foi de responsabilidade da gestão: “criou[-se] o grupo, ele foi instituído. Se ele acompanhou muitas vezes, poucas vezes, ou nada, é uma outra coisa. O grupo foi constituído, nunca falou[-se] que não podia o acompanhamento. Algum dia foi procurado e foi negado para vocês o acompanhamento?”, afirmou. “Cobrem do Grupo de Trabalho, não da Gestão”, completou.
Assédio e prazo para implantação
Os técnicos presentes também questionaram o que a gestão vem fazendo para que a implantação do ponto não leve ao aumento de casos de assédio moral na instituição. Estão planejados, por exemplo, espaços de formação com as chefias para evitar que o ponto afete negativamente a relação com os subordinados?
Ainda que tenha afirmado diversas vezes a importância da denúncia de situações em que qualquer assédio ocorra no Instituto, a Reitora não especificou nenhum plano da gestão para coibir a prática com a implantação do ponto.
Já sobre o prazo para a implantação, a representante da DGP que apresentava o modelo na reunião afirmou que o atraso nos testes realizados no órgão se deveu à limitação de técnicos capacitados para trabalharem com a manutenção do Sistema SIGAA. Nos planos da gestão, o período de experiência dos TAEs da Reitoria com o modelo apresentado duraria apenas algumas semanas e já passaria a valer como ferramenta oficial de controle da jornada no início do ano que vem. Até março ou abril de 2018, passaria a valer também para os técnicos dos campi do Instituto.
O Sindicato questiona a rapidez na implantação na Reitoria e nos Campi e o fato delas serem feitas em momentos separados. Para os representantes da Seção, há uma série de especificidades no cumprimento da jornada tanto nos campi como na Reitoria, necessitando um período mais alongado de testes conduzidos em conjunto.
Ao fim do encontro da sexta, no entanto, nenhum prazo concreto ficou definido. Após a saída da Reitora, que se retirou em função de outros compromissos de agenda, a reunião foi interrompida. A representante da DGP sinalizou com uma nova reunião do Grupo de Trabalho para os próximos dias e, depois, um novo encontro que dê seguimento à reunião na presença de Fernandes. Para a reitora, a prorrogação dos testes em algumas semanas não será problema. Já o Sindicato espera conseguir levar o debate ao Conselho Superior do Instituto (CONSUPER), para que seus representantes apontem como o processo de implantação do ponto deve ser conduzido.