Edição ‘Educação e política em tempos de pandemia’ já disponível
O Potemkin, periódico científico mantido pela Seção Litoral-SC do SINASEFE chega ao seu quarto número com cinco artigos e duas resenhas que tratam de temas contemporâneos e debatem a educação em meio aos fenômenos atuais. Entre seus textos, destaque para a primeira publicação em língua estrangeira, texto do Presidente da Confederação de Educadores da América (CEA) e docente da Universidad del Trabajo del Uruguay (U.T.U), Fernando Rodal sobre a educação na América Latina.
Confira abaixo o texto de apresentação deste número e links para os textos individuais publicados. Para a edição na íntegra (em .pdf) clique aqui.
APRESENTAÇÃO – Educação e política em tempos de pandemia
Michel Goulart da Silva*
Estamos publicando mais uma edição da revista Potemkin. Esta edição chega pouco mais de um ano e meio depois de começarmos a viver sob uma pandemia, um dos mais destacados e trágicos marcos da História. Nesse período, em todo o mundo, milhões de pessoas foram contaminadas pelo novo coronavírus e milhares perderam a vida. A pandemia também deixou explícito o impacto da concretização de projetos que buscam a desestruturação das políticas públicas e a privatização de serviços, como vem ocorrendo nas últimas três décadas em todo o mundo.
O pano de fundo desse processo é uma das mais profundas crises do capitalismo. Embora os sinais dessa crise já fossem visíveis há dois anos, coube à pandemia exacerbar suas contradições, que se mostram no decrescimento econômico, no fechamento de fábricas, no aumento do desemprego e da miséria, entre outros fatores. Contraditoriamente, em paralelo o que se viu foi o aumento de fortuna dos mais ricos e a concentração de riquezas em um número cada vez menor de grupos empresariais. Isso em um contexto de aprofundamento de ataques a direitos dos trabalhadores, no caso brasileiro em especial na reforma administrativa.
Os elementos contraditórios do processo também se expressaram no aumento da presença da tecnologia no cotidiano das pessoas. Uma parte da classe trabalhadora passou a realizar suas tarefas laborais em casa, fazendo com que o local de moradia se tornasse também o de trabalho ou mesmo de lazer, deixando de ser apenas o espaço de descanso. Com o lockdown, os espaços de socialização públicos, tais como parques ou cinemas, foram fechados durante meses como maneira de coibir a propagação do vírus. Esses e outros fatores podem estar relacionados ao aumento nos casos de adoecimento psíquico da classe trabalhadora.
Contudo, apesar do fechamento dos locais de lazer e da implementação do home office para uma parcela da classe, muitos trabalhadores continuaram a se mover pelas ruas, em transportes públicos e nos seus locais de trabalho. Algumas categorias, como os trabalhadores em educação, conseguiram evitar a exposição externa durante alguns meses, mas a todos sempre foi colocada a pressão para que retornassem ao modelo presencial. Ainda que, de início, em muitos lugares tenha se optado pelo modelo híbrido de educação, o fato é que os trabalhadores vêm sendo paulatinamente expostos ao vírus, diante do retorno presencial nas redes municipais, estaduais e federal. Esse cenário fica ainda mais grave se considerarmos a lenta vacinação em todo o país.
Algumas dessas reflexões estão presentes nesta edição da Potemkin. Discute-se, entre outras questões, a presença das tecnologias na vida das pessoas e sua relação com a política. Também se debate a educação tanto de um ponto de vista histórico e continental como das políticas públicas que vêm sendo implementadas para o ensino médio. Outros textos abordam, por sua vez, temas como a educação ambiental e vida do homem em sociedade.
Esta nova Potemkin busca dar continuidade às reflexões políticas e teóricas que nosso sindicato vem promovendo nos últimos anos e que encontram na revista seu principal instrumento. Esperamos que os debates aqui apresentados possam ajudar os colegas da Rede Federal a refletir sobre o contexto econômico e político em que estão inseridos e suas condições concretas de trabalho.
* Michel Goulart da Silva realizou estágio pós-doutoral no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), é doutor em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Técnico em Assuntos Educacionais no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense (IFC). Editor da publicação.
Textos individuais da edição (em .pdf):
APRESENTAÇÃO | Educação e política em tempos de pandemia
Michel Goulart da Silva
Democracia e Autocracia na Era dos Algoritmos: um breve ensaio crítico
Ricardo Scopel Velho
Cuatro décadas de un tesoro escondido: la educación en la América Latina
Fernando Rodal
Gramsci, a Escola Unitária e a formação humana
Warllen Torres Nannini
A promessa não será cumprida e os/as secundaristas avisaram: problematizando o “novo” Ensino Médio e as possibilidades de escolha
Tamiris Possamai, Karina Cavassani Klappoth e Fernanda Hoeppers de Araújo
Capitalismo, educação ambiental e políticas públicas
José Carlos de Oliveira Ribeiro e Arlete Ramos dos Santos
RESENHA | Reflexões contemporâneas sobre a condição humana
Renan Eduardo Silva e Marlene Tirlei Koldehoff Lauermann
RESENHA | O trabalho docente e os caminhos do conhecimento: a historicidade da educação profissional
Bruno Miranda Neves e Jordan Rodrigues dos Santos