Com assinatura da OAB e várias outras entidades, documento alerta para o grave impacto na economia e foi destaque na mídia nessa semana
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MANIFESTO CONTRA O CALOTE DOS PRECATÓRIOS
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, as seccionais da OAB e as demais associações
e entidades signatárias deste documento, em defesa da manutenção do Estado Democrático de Direito, da
Segurança Jurídica e da estabilidade da economia do país, manifestam-se veementemente contrárias à PEC
23/2021, de autoria do governo federal, aprovada pela Câmara dos Deputados no dia 09 de novembro de
2021.
A Proposta, em apreciação pelo Senado Federal, a pretexto de abrir espaço fiscal para a ampliação do
programa de assistência “Auxílio Brasil” para 2022, vilipendia diversas garantias e direitos fundamentais dos
credores ao estabelecer novo calote – já declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal.
Não obstante as mais de 30 (trinta) inconstitucionalidades apontadas na apresentação inicial da matéria, o
texto final aprovado estabelece ainda mais inconstitucionalidades.
O atual regime de precatórios teve seus alicerces firmados em recentes mudanças constitucionais, a
partir do julgamento das ADI’s 4.357 e 4.425 pelo Supremo Tribunal Federal, que considerou que a moratória
para quitação de precatórios viola princípios constitucionais, como o do Estado Democrático de Direito,
o princípio da Separação de Poderes, o da isonomia, o direito à tutela jurisdicional efetiva e razoável
duração do processo, bem como o direito adquirido e à coisa julgada, o direito de propriedade, o
princípio da segurança jurídica e da moralidade administrativa.
A mais recente e perversa versão da PEC DO CALOTE, aprovada pela Câmara dos Deputados, foi
muito mais longe que as anteriores (EC 30/2000 e EC 62/2009), ao estabelecer novas “regras” para o
cumprimento das decisões judiciais, atingindo milhões de credores, pessoas físicas, entre eles idosos,
portadores de deficiência e doenças graves, além de pessoas jurídicas que garantem milhões de empregos,
renda e arrecadação.
Estima-se que, ao final dos 10 anos da moratória proposta, teremos um passivo de R$ 1 trilhão
acumulado.
Se aprovada, a PEC 23/2021 acarretará, a um só tempo, grave impacto na economia brasileira,
afastamento de investidores, aumento exponencial da dívida pública, instalação da insegurança jurídica,
redução do potencial de crescimento econômico e da capacidade de geração de empregos no país.
O urgente e indispensável programa de transferência de renda não pode ser feito sem perspectiva
de permanência, nem prejudicando milhões de cidadãos que esperaram por décadas o reconhecimento de
seu direito na Justiça.
Apelamos aos senadores que avaliem de forma responsável a Proposta, e evitem o prejuízo a
milhões de brasileiros e a grande insegurança jurídica de consequências danosas para nossa já fragilizada
economia.