A Seção Litoral-SC do SINASEFE vem prestar solidariedade ao Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) do Campus Araquari do IFC e a todos os participantes do evento, palestrantes e ouvintes que acompanhavam na noite deste 10 de novembro um debate sobre Relações étnico-raciais na educação básica e na formação de professores, promovida em alusão ao Mês da Consciência Negra e alvo de um ataque cibernético repugnante.
Provavelmente inspirados na fala do atual mandatário nacional, que nesta semana chamou o Brasil de “país de maricas”, e que reiteradamente demonstra desrespeito aos diferentes setores sociais que compõem a nação, um grupo de covardes e intolerantes ciber spammers atacou bestialmente a sala virtual em que o encontro do NEABI era realizado, promovendo confusão com áudios, imagens e vídeos de conteúdos racistas, misóginos, pornográficos e nazifascistas. O comportamento dos agressores verteu o chorume fétido das entranhas autoritárias do ciberespaço.
Esse tipo de ataque, que tem sido cada vez mais frequente em espaços virtuais das instituições de ensino, apenas reforça a necessidade de luta, conscientização e educação sobre as pautas de luta negras e o arraigado preconceito racial existente no Brasil.
Reforçamos todo o apoio de nossa Seção ao combate a toda forma de preconceitos, agressões e o gravíssimo crime de racismo. Assim, disponibilizamos não apenas palavras, mas nossa assessoria jurídica e de comunicação às vítimas da ação criminosa.
Reivindicamos de igual sorte posicionamento forte da Direção do Campus e da Reitoria, instituindo comissão de investigação especial envolvendo a Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI) do IFC, a corregedoria da Instituição e todo o corpo técnico capaz de auxiliar na identificação dos agressores, além de representação para instauração de inquérito policial junto a Polícia Federal.
Solicitamos ainda que tanto o Ministério Público Federal quanto a Adovacia Geral da União sejam notificados da grave violação de liberdade de expressão e dos crimes cometidos, para prontamente agirem no caso, identificando e processando de forma veemente os envolvidos. O caso trata-se de constrangimento grave à liberdade de expressão, que se não repelido com veemência ruirá as bases mais profundas das liberdades democráticas dentro de nossa instituição.
Por fim, novamente ressaltamos a necessidade de atenção à saúde mental e apoio institucional aos membros do NEABI que participaram da atividade. Afinal, são trabalhadores que em suas atribuições funcionais foram brutalmente agredidos. As consequências à saúde de cada um deles é, portanto, resultado de atividade laboral junto ao IFC e dessa maneira precisam ser tratados e acolhidos no âmbito do Instituto.
Nossa especial solidariedade às debatedoras e mediadora do evento, Alessandra Bernardino (Coordenadora Regional de Educação em Joinville), Angela Maria Vieira (Professora de Ensino Básico em Joinville), Renata da Silva Heyning (Professora do IFC) e Cynara de Oliveira Geraldo (Técnica Administrativa em Educação e membro do NEABI).
Seção Litoral-SC do SINASEFE
11 de novembro de 2020